
Cristo não ressuscitou no domingo
A grande maioria dos cristãos crêem de que Cristo morreu numa sexta-feira e ressuscitou no domingo.
Inclusive, o domingo é o dia oficialmente adotado pela igreja católica como o dia santo desde seus tempos primórdios e tal dia serve como base para suas festividades principais.
Mas o primeiro dia da semana não é apenas considerado santo por ela e sim também, por quase todas as suas dissidentes que surgiram após a reforma protestante no século 16.
Mas será que uma análise bíblica profunda sustenta que de fato, o primeiro dia da semana conhecido como domingo, foi o dia da ressurreição de Cristo?
Vamos iniciar pegando dois textos bíblicos que tratam sobre o dia da morte e ressurreição:
Sobre o dia da morte
➥ “Por ser o Dia da Preparação (véspera do sábado), para os judeus e visto que o sepulcro ficava perto, colocaram Jesus ali.” - João 19:42
Sobre o dia da ressurreição
➥ “No primeiro dia da semana, bem cedo, estando ainda escuro, Maria Madalena chegou ao sepulcro e viu que a pedra da entrada tinha sido removida.” - João 20:1
Então conforme os relatos que lemos somos levados a entender de que a ressurreição de Cristo de deu no primeiro dia da semana (domingo), antes do nascer do sol.
Lendo superficialmente as escrituras somos levados a entender que:
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Cristo morreu na sexta-feira
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Cristo ressuscitou no domingo
Vamos agora examinar a fundo ambas as situações
Para iniciarmos esta análise é fundamental nos basearmos também no sinal que Cristo deu sobre a Sua messianidade ao ser questionado.
O sinal de Jonas
➥ Então alguns dos fariseus e mestres da lei lhe disseram: "Mestre, queremos ver um sinal miraculoso feito por ti". Ele respondeu: "Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas. Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra.” - Mateus 12:38-40
Então conforme o sinal dado pelo próprio Cristo, Ele deveria permanecer por 3 dias e 3 noites morto. Porém, devemos estar atentos em dois detalhes de suma importância em relação a contagem dos dias dos Israelitas:
Vamos ler esta passagem sobre o dia da criação da vida na Terra:
“Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o terceiro dia.” - Gênesis 1:13
No manuscrito antigo do textos massorético, a palavra original de onde foi traduzida como “tarde”, trata-se do substantivo hebraico עֶ֥רֶב (erev) [marcação vermelha], que possui como significado primário anoitecer/noite. Já a palavra que foi traduzida como “manhã”, é o substantivo בֹ֖קֶר (boquer) [marcação verde], que significa tanto a manhã, como a parte clara de um dia; que envolve o tempo em que brilha o sol.
Então podemos ver que:
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o dia termina quando sua luz se vai
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a noite termina quando a luz do sol retorna
E exatamente assim que é a contagem dos dias dos hebreus. Como podemos observar em Gênesis 1 no que tange aos relatos da criação da vida:
Como vemos então em João 20:1; ao chegarem ainda de madrugada ou seja, antes do sol raiar no sepulcro, o viram já aberto e sem o corpo de Cristo.
E lendo Mateus 28:1, vemos que despontava (iniciava), o primeiro dia da semana.
▸ Cristo de fato deveria ter ressuscitado na virada da noite para o dia; antes de raiar o sol, completando assim obrigatoriamente a terceira e última noite conforme profetizado por Si mesmo como sinal messiânico.
◬ Mas há algo de errado aí. E vamos neste estudo descobrir o que é.
ELABOREI UM GRÁFICO PARA MELHOR COMPREENSÃO
1º etapa
No gráfico acima, podemos ver a separação dos dias da semana com o marcador da meia-noite; conforme usamos atualmente em nosso calendário.
Neste gráfico acima, vemos na linha em azul a divisão dos dias feitas ao pôr do sol. Marcador realizado pelo povo hebreu.
Agora podemos ver o os dias do calendário judaico na semana do evento da morte e ressurreição de Cristo. E você verá o quanto é importante esta informação.
Em Mateus 26:19, Cristo ordena que preparassem o que seria a sua última páscoa. Os acontecimentos que sucedem serão os momentos finais da vida de Cristo antes da crucificação.
Vamos ver quando biblicamente se inicia o dia de Pessach em Levítico 23:5:
"No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do SENHOR."
Vamos dar uma olhada no texto massorético do códice sinaítico como está esta passagem:
A palavra chave para o entendimento de quando se inicia o Pessach está no artigo e substantivo hebraico הָעַרְבָּ֑יִם (hā-‘ar-bā-yim) - H6153, o qual possuem como significado a transição do dia para a noite ou seja, o crepúsculo vespertino.
Vemos então os versículos seguintes:
“No dia seguinte, o décimo quinto dia, comecem a celebrar a festa dos pães sem fermento. Essa celebração em homenagem ao Senhor continuará por sete dias e, durante esse tempo, o pão que comerem será preparado sem fermento. No primeiro dia da festa, todos suspenderão seus trabalhos habituais e realizarão uma reunião sagrada.” - Levítico 23:6,7
Alinhando então os versos 5,6 e 7 de Levítico 23 vemos que o Pessach (páscoa) se inicia ao entardecer do dia 13 para 14 do mês de Abib (Nisan) e no próximo entardecer (crepúsculo vespertino), do dia 14 para 15 se inicia a festa dos pães ázimos e neste dia 15 é um sábado. Esta informação será muito útil para compreendermos este estudo!
Cristo então, celebrou a sua última páscoa no dia 14.
Mas alguns pontos deverão estar esclarecidos antes de prosseguirmos:
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Estão nos relatos de Mt 26:17, Mc 14:12-21 e Lc 22:7-23 de que Jesus ceiou na festa dos Pães Ázimos onde era sacrificada a páscoa. Mas como assim?
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Porém em Levítico 23:4-8 especifica de que as duas festividades não começam e ocorrem no mesmo dia. A páscoa é dia 14 e a festa dos pães ázimos é um dia após, no dia 15.
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Mas também em Lc 22:1 vemos que a festividade dos pães ázimos também era chamada de páscoa. Em Dt 16:1-8 vemos realmente que apesar de serem festividades diferente; uma é o complemento da outra pois tratam-se de um memorial do contexto da libertação do Egito onde Pessach lembra a passagem do anjo da morte que matou os primogênitos daquela terra e Pães Ázimos, a saída do povo para a liberdade.
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Mas vemos em Nm 28:16-25 que além do sacrifício do cordeiro que era comido pela família conforme Ex 12:1-11, haviam os sacrifícios da pascoa ritualísticos.
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Por fim, vemos em Jo 19:14 que mesmo após Cristo ter ceiado a páscoa, e estava já em seu martírio, os judeus se preparavam para a páscoa. Isso prova de que Cristo ceiou de fato na páscoa do dia 14 e os judeus se preparavam na ocasião para a entrada dos pães ázimos que também é um dia de descanso. Vamos ver mais a seguir!
Neste gráfico, podemos acompanhar que Cristo celebrou a páscoa e os judeus estavam no dia de seu julgamento e morte, se preparando para a festividade de um dia após; em 15 de Nissan, primeiro dia dos pães asmos. Podemos nos certificar disso lendo João 18:28; onde estavam na preparação da "páscoa" dos Pães Ázimos.
E Cristo então morreu ainda em 14 de Nisan. Antes da festividade de Pães Ázimos; na qual era um sábado. Conforme marcação em vermelho no gráfico. Inclusive os judeus se apressaram em o sepultar antes do anoitecer para que não entrasse no sábado ainda pendurado no madeiro.
Então levando em consideração a tarde do dia 14 de Nissan como o primeiro dia da morte, assim fica o cronograma entre a morte e ressurreição de Cristo seguindo os 3 dias proféticos nos quais Ele mesmo deu como sinal.
D1, D2 e D3 indicam a quantidade de dias e N1, N2 e N3 a quantidade de noites em que Ele deveria permanecer morto.
E de acordo com a profecia, para que Cristo pudesse ter ressuscitado no domingo, inevitavelmente Ele deveria ter morrido na quinta-feira.
Desde já, podemos excluir a possibilidade de Sua morte ter ocorrido numa sexta-feira como celebram os católicos na chamada “sexta-feira santa”. Pois ele deveria cumprir os 3 dias e 3 noites morto; e ressuscitar na transição da terceira noite para o próximo dia ou seja, no crepúsculo matutino.
MAS NA BÍBLIA NÃO DIZ QUE CRISTO MORREU NA VÉSPERA DO SÁBADO?
Vamos reler Levítico 23:5-7
“A páscoa do Senhor começa no entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. No décimo quinto dia daquele mês começa a festa do Senhor, a festa dos pães sem fermento; durante sete dias vocês comerão pães sem fermento. No primeiro dia façam uma reunião sagrada e não realizem trabalho algum." - Levítico 23:5-7
Conforme vimos anteriormente, o dia da festividade de Pães Ázimos era um sábado ou seja, dia de descanso. Pois a palavra sábado é originada da palavra hebraica shabat que significa "descanso"; conforme o estudo no canal "Os dois sábados bíblicos".
Então esse sábado relatado, no dia após a morte de Cristo não se prende relativamente ao sétimo dia da semana. E conforme estamos descobrindo, este sábado realmente não se trata do sétimo dia e sim o do dia dos Pães Ázimos.
E analisando a fundo, foi encontrado um grave problema em relação a possibilidade de Cristo ter morrido na quinta-feira. Problema no qual vamos expor logo abaixo e resolvê-lo.
Uns alegam de que Cristo morreu no ano 33 d.C. (contagem que é mais aceitável no meio cristão), já outros creem de que Ele morreu e ressuscitou no ano 30 e alguns que tenha sido no ano 27.
A problemática é que do ano 20 dC até o ano 40 dC (por duas décadas), o dia 14 de Nissan não caiu numa quinta-feira. Inclusive no ano 33 dC, no qual a maioria acredita ter sido o ano de tal evento..
Com estas informações até agora, já podemos concluir:
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Que a possibilidade Dele ter morrido numa sexta-feira é nula. Sendo assim, o sábado referindo não era o do sétimo dia.
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Que também não há como ter ressuscitado no domingo pois para isso deveria ter morrido numa quinta-feira e por duas décadas tal possibilidade não é possível.
Porém não podemos acusar de que os relatos bíblicos de que as mulheres foram vê-lo no domingo e encontraram o sepulcro já aberto e sem o corpo de Cristo seja mentiroso.
Então o que nos cabe fazer é alinhar os relatos bíblicos com as possibilidades lógicas.
Então mantendo a veracidade dos relatos em que foram ungir Seu corpo no domingo pois estavam descansando no sábado conforme o mandamento do descanso do sétimo dia, que nesta ocasião ocorreu dois dias após o descanso do primeiro dia de Pães Ázimos (sábado anual); vamos ver como fica o cronograma dentro da realidade histórica.
2º etapa
Considerando no cronograma acima, que as mulheres já encontraram o sepulcro aberto no domingo pois Ele teria ressuscitado no sábado, assim fica a linha do tempo entre Sua morte e ressurreição. Pois conforme lemos elas chegaram ainda quase amanhecendo e ele não estava mais lá. Então se torna óbvio de que Ele na verdade ressuscitou no sábado.
Considerando no cronograma acima, que as mulheres já encontraram o sepulcro aberto no domingo pois Ele teria ressuscitado no sábado, assim fica a linha do tempo entre Sua morte e ressurreição. Pois conforme lemos elas chegaram ainda quase amanhecendo e ele não estava mais lá. Então se torna óbvio de que Ele na verdade ressuscitou no sábado.
Cumprindo a profecia dada por Ele do “sinal de Jonas”, Cristo para ter então ressuscitado no sábado, deveria ter morrido na quarta-feira.
E sua morte ter sido neste dia da semana é totalmente plausível pois 14 de Nissan caiu na quarta-feira nos anos 27 e 30 dC (conforme alguns cristãos creem). E já no ano 33 dC, caiu numa sexta-feira; o que impossibilita a Sua ressurreição ter sido no domingo pois seguindo a profecia de 3 dias e 3 noites, Ele deveria então reviver na segunda-feira. E isso é ainda mais incoerente levando em consideração o relato bíblico da visita delas no domingo.
Vamos verificar as os dias da semana em que o dia 14 de Nisan cai entre os anos 20 e 40 da era cristã e com a data também em que Cristo deveria ressuscitar levando em conta o “sinal de Jonas”.
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Nesta tabela estão destacados de vermelhos os anos em que a morte ocorreu numa quarta-feira possibilitando sua ressurreição no sábado.
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Nestas duas décadas fora ao sábado, sua ressurreição só poderia ser nas segundas-feiras, terças-feiras ou nas quintas-feiras. Nas segundas e terças-feiras seria incoerente tendo em vista de que o sepulcro já estava aberto e vazio no domingo e na quinta-feira, as discípulas não aguardariam o término do descanso do sétimo dia para ir ungir o corpo de Cristo no domingo pois elas sabiam do sinal dos 3 dias e 3 noites.
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O link para o calendário antigo é: http://www.jewishyear.com/
Então só nos resta concluir de que o Messias morreu na quarta-feira e ressuscitou no dia de sábado, no crepúsculo matutino, raiando a manhã deste dia.
Adeus a “sexta-feira santa” e “domingo de ramos” dos católicos e a qualquer consideração de que o primeiro dia da semana possui alguma santidade ou importância









